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Cultura e Poder

            Neste período eleitoral estamos observando algumas questões bastante interessantes. Pela primeira vez na história, a Cultura esteve no foco das discussões entre candidatos que pleiteiam a nobre função de administrar a Cidade Imperial.

            O que deveria ser uma rotina nas discussões como uma das prioridades, ainda mais em uma cidade onde esta é uma das suas principais vocações, muito ainda precisa ser estudado.

            Em entrevistas individuais com todos os candidatos a prefeito, em seguida realizando um debate tendo como tema central a Cultura, o Conselho Municipal de Cultura inovou. Inovou no sentido de apontar uma diretriz que deverá ser seguida, neste novo conceito de fazer política, sendo a cultura um objeto de excelência dentro da sociologia do município.

            Na verdade, combinam-se nesta sociologia, nuclearmente e de forma explícita, duas dimensões fundamentais das relações sociais: a Cultura e o poder. Cultura e poder, na concepção das ciências sociais, são dois pilares da organização das sociedades e dos processos que nelas ocorrem; dois ingredientes básicos no relacionamento humano, duas dimensões de todas as relações sociais. Aquilo que, do ponto de vista teórico torna as políticas culturais particularmente interessantes como objeto para análise, é que nelas, Cultura e poder emergem do tecido social geral, associando-se de modo específico num domínio institucional diferenciado.

            Com a consolidação de um Sistema Municipal de Cultura, tendo seus pilares em funcionamento (Conselho delibarativo, Plano Municipal de Cultura, e Fundo Municipal de Cultura), a discussão deixa de ser ‘o que fazer’ e sim ‘como fazer’ e ampliar. Uma das principais questões em foco é a continuidade das políticas culturais, que são da cidade – não de um determinado governo. Não há mais espaço, no que tange a gestão cultural, para que cada governo resolva extinguir todo o planejamento cultural e criar um novo.

            Esta ultrapassada maneira de gerir a máquina pública, desperdiça recursos e não contribui para o crescimento sólido de uma cidade. Nesta diretriz, o Conselho Municipal de Cultura terá como sua principal função, garantir a continuidade do planejamento e das políticas culturais do município, independente de possíveis mudanças de governo.

 

 

            Fazendo um balanço dessa movimentação de entrevistas com os candidatos a prefeito, bem como da realização do debate, observamos que o assunto ainda precisa de esclarecimento. Muito evoluimos, sendo unanimidade entre os candidatos a continuidade da política cultural implementada, a ampliação de orçamento e a gestão compartilhada com a sociedade civil organizada, representada pelo referido conselho.

            Como pontos que precisam de uma especial atenção, destacam-se as ligações da Cultura com Turismo, Educação e Economia. No caso do turismo, é consenso entre os candidatos a separação das pastas – seguindo as orientações do próprio Plano Municipal de Cultura . Há de se tomar muito cuidado neste processo, que precisa ter um saldo positivo para ambas, reforçando que Petrópolis tem como sua principal vocação o turismo cultural. Ainda neste aspecto, questões relacionadas ao Patrimônio Histórico (material e imaterial) merecerão mais atenção na elaboração de políticas culturais.

            Quando falamos de Cultura e Educação, precisamos ter cuidado com a elaboração de programas específicos. Estes precisam ser pensados com cautela, para que sejam estruturados e tenham, de fato, um resultado sólido, que não seja superficial ou simplesmente assistencialista. Um olhar pedagógico e técnico sobre os programas sempre será uma grande ferramenta para o sucesso.

            Outra questão relevante dentro da política cultural é a econômica. Muito ainda precisa ser compreendido sobre a amplitude do termo ‘democratização do acesso’. Não podemos encarar o termo como uma simples forma de impor um padrão de cultura a áreas periféricas ou socialmente desfavorecidas. É necessário uma valorização das identidades locais, bem como de artistas e demais agentes. Ter um olhar administrativo sobre a cultura pode trazer inúmeros benefícios, uma vez que se tenha conhecimento sobre o grande potencial econômico que a cultura pode desempenhar no município.

            No entanto, o poder público não deve ter o papel de simples financiador da cultura – alimentando uma falsa impressão de ‘poder’ do gestor. A função do poder público vai muito além. Estabelecer estratégias e criar condições para o “fazer cultural”, é uma tarefa que deve ser pensada e repensada diariamente pelos gestores municipais.

            Que todas estas questões possam ser amadurecidas e ponderadas por todos os cidadãos que exercerão um papel decisivo para o destino da política cultural de nossa querida Petrópolis.

 

Leonardo Randolfo
Presidente do Conselho Municipal de Cultura

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