Tecreira idade: direitos novos, problemas antigos
Luciana Abade , Jornal do Brasil BRASÍLIA - A nomenclatura evoluiu. De velhos, eles passaram a ser chamados de idosos, posteriormente de integrantes da terceira idade e, agora, da melhor idade. O melhor, no entanto, é para poucos, porque, na prática, falta à maioria dos brasileiros com mais de 60 anos acesso aos transportes gratuitos, acompanhamento médico de qualidade e remuneração decente na aposentadoria. Nesse cenário, dizer que falta respeito é redundante. As entidades que lutam pelos direitos dos idosos afirmam que apesar dos avanços trazidos pelo Estatuto do Idoso, o Brasil, que já conta com uma população de 19 milhões de pessoas com mais de 60 anos, mostra que ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar uma cidadania plena para as pessoas dessa faixa etária. Uma das principais queixas é o não cumprimento da determinação de gratuidade do transporte intermunicipal para pessoas com mais de 60 anos. Depois de receber várias denúncias, o Ministério Público de São Paulo realizou, na última quarta-feira, uma audiência pública com empresas de transporte interestaduais e intermunicipais com sede na capital para firmar um termo de ajustamento de conduta. As empresas recusaram-se a assinar o termo alegando que as infrações são eventuais. Caso não mudem de idéia em 20 dias, o MP-SP moverá uma ação indenizatória contra elas em casos de reincidência. Segundo a titular da Delegacia da Terceira Idade do RJ, Catarina Noble, alguns motoristas afirmaram em depoimentos que são punidos pelas empresas por pararem para muitos idosos. As catracas eletrônicas têm permitido esse acompanhamento. A violência contra o idoso é outra mazela que insiste em permanecer e é ainda mais difícil de mudar porque além de políticas públicas, necessita de uma mudança cultural. Estudo realizado nas 27 capitais brasileiras pelo pesquisador da Universidade de Brasília, Vicente Faveiros, mostra que 54% das agressões contra os idosos são cometidas pelos parentes, geralmente filhos. O fato dificulta a ação do Estado, mas não exime sua responsabilidade. 2009 |
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