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A Estação de Trens de Petrópolis

Por Joaquim Eloy Duarte dos Santos

A Estrada de Ferro de Petrópolis foi a primeira construída no Brasil. Coube o feito ao engenheiro Ireneu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá, após conseguir do Governo Imperial a concessão exclusiva para a navegação a vapor entre a cidade do Rio de Janeiro e o fundo da Baía de Guanabara.

Estipulado o prazo da dita concessão em dez anos, tratou o grande empreendedor de estabelecer, em seguida, uma ligação mais rápida entre a Corte do Rio de Janeiro e a Raiz da Serra, na altura da Fábrica Imperial de Pólvora, cujo trajeto era feito por diligências ou em montarias. Com a ligação marítima do Cais Faroux até o Porto da Estrela, a idéia concretizada por Ireneu Evangelista de Souza foi a criação de uma linha férrea, o que lhe foi permitido através do Decreto nº 987, de 12 de junho de 1852, referendado pelo Ministro dos Negócios do Império, Francisco Gonçalves Martins, assinado pelo Imperador D. Pedro II.

A 16 de dezembro de 1856 os trilhos da estrada chegaram à Raiz da Serra, num total de 16 quilômetros, cumprindo Ireneu Evangelista de Souza o contrato firmado com o Governo Imperial. Por alguns anos a linha férrea atingiu aquela localidade. Para chegar a Petrópolis utilizava-se de uma estrada calçada de pedras aberta no meio da mata, que atingia o Alto da Serra, para utilização de diligências e carruagens.

A empresa sucessora da Companhia de Mauá, chamada Companhia Príncipe do Grão-Pará, obteve autorização do Governo Imperial, no ano de 1881, para a construção de mais seis quilômetros serra acima, em local acidentado, sob a direção do engenheiro Joaquim Lisboa, assistido pelo engenheiro Marcelino Ramos Pinto.

A 11 de fevereiro de 1883 os trilhos chegaram a Petrópolis. Era um domingo, 9 horas da manhã, estando entre os primeiros passageiros a realizarem o novo trajeto o Imperador D.Pedro II, sua família e várias personalidades da Corte. No domingo seguinte, dia 18 de fevereiro, a estação foi inaugurada com pompa e circunstância pelo Imperador D.Pedro II.

Para abrigar o terminal em Petrópolis, foi edificado um belo prédio de dois pavimentos, na Rua Toneleros (hoje Dr. Porciúncula), em belo estilo europeu, ladeado por um conjunto de marquises de proteção para os passageiros e que tomava todo o lado direito da artéria urbana. (Hoje o espaço é ocupado pelo Terminal Rodoviário Imperatriz Leopoldina, em prédio de linhas mais modernas).

Com o passar dos anos ao prédio de dois andares foram acrescidos melhoramentos visando um maior aproveitamento de espaço, principalmente quanto às plataformas internas de desembarque e uma decoração funcional para a parte de acesso pela Rua Dr. Porciúncula. Obviamente a descaracterização total do prédio culminou na sua demolição e construção de um "hall" mais amplo, lá pelos anos trinta.

À concessionária Leopoldina Railway, que explorava a linha desde 1888, coube efetuar as reformas, através dos anos, persistindo a linha férrea até 1964 quando foi criminosamente desativada pelo Governo Federal.

A Rua Dr. Porciúncula, ou a rua da Estação como era popularmente conhecida, tinha no prédio da Leopoldina seu ponto de referência. Por ali transitava - desde a fundação até o ano de 1928 (inauguração da Estrada de Rodagem Rio-Petrópolis, hoje Rodovia Washington Luís) todos os viajantes para Petrópolis.

A chegada de cada trem, nos horários ou um pouco atrasados, reunia naquela rua grande massa de povo e um número incontável de carruagens, caleças, cavalos selados, tílburis e outros meios de locomoção por tração animal, até o advento dos automóveis, que substituíram o antigo, porém mantendo o clima de movimento e de grande expectativa.

Quando era anunciada a subida a Petrópolis de uma autoridade ou grande personalidade, a rua ganhava um burburinho enorme de curiosos, como, por exemplo, no dia da subida do Imperador à frente da Corte para o veraneio, acompanhado pelas maiores autoridades político-culturais do país e representações diplomáticas.

A estação da Leopoldina tornou-se ainda mais movimentada durante os dez anos de capital do Estado (1893 - 1903), quando Petrópolis recebeu todas as autoridades fluminenses e experimentou acentuado aumento do tráfego de pessoas do mais alto gabarito da República Brasileira, além, obviamente, de toda a comitiva que acompanhava o veraneio na serra do Presidente da República, que vinha com todo o ministério, políticos influentes e representações diplomáticas do mundo inteiro. Também jornalistas de quase todas as folhas cariocas e nacionais e correspondentes estrangeiros.

Com o aumento gradativo de passageiros e o natural crescimento urbano de Petrópolis, a estação de trens foi sendo ampliada, reformada, como ponto central e nevrálgico do Município e, igualmente, como referência da passagem do trem "Mineiro" que trafegava de Barão de Mauá (Rio de Janeiro) até Manhuaçu (Minas Gerais) e, ainda, a linha que ligava os distritos petropolitanos do centro até São José do Rio Preto (antigo 5º distrito de Petrópolis e hoje o Município de São José do Vale do Rio Preto).

A última década do século XIX marcou o esplendor da estação de trens da Leopoldina, em Petrópolis. Os melhores hotéis, excelentes casas comerciais, estavam instalados na "Rua da Estação", na extensão de todo o lado esquerdo, constituindo-se na primeira visão da cidade dos viajantes em demanda de Petrópolis.

Pode-se afirmar que ali estava o pólo central do centro histórico do município, animando artistas e, principalmente, fotógrafos a gravarem imagens do local, como ponto maior de referência de Petrópolis. Conhecidíssima, a Rua Dr. Porciúncula, representava definitivo cartão-postal, conhecida por todos os viajantes e ponto de encontro dos residentes em dias de chegada dos trens trazendo pessoas gradas. Isso, sem contar, no movimento intermitente dos residentes para embarcar ou receber amigos e parentes.

O prédio da Leopoldina, de estilo inglês, chamava igualmente a atenção de todos por suas linhas sóbrias e por suas instalações adequadas à atividade, um ponto mágico de alegrias e choros que todos conheciam e amavam.

Com o tempo e a expansão da demanda de viajantes para Petrópolis, o velho prédio acabou dando lugar a uma construção típica dos anos vinte e trinta, com linhas retas, decoração dura e revestimento em cimento, o que dava um ar acinzentado à toda quadra, um pouco diferente do velho prédio que encantava pelo apuro dos adereços, colunas, apliques em estuque e cantaria apurada e, afinal, por sua arquitetura típica de "fin du siècle".

Fonte: www.ihp.org.br

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ACIMA: "A chegada do trem". O selo é de 1904 (Cartão postal. Foto Marc Ferrez).

Fonte: estacoesferroviarias.com.br

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