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Paramentos - Você sabe o significa?

História dos Paramentos:

É necessária uma veste litúrgica?

(Resumo do artigo de Dom Guy Oury, OSB, Faut-il um vêtement liturgique?, em Espirit et  Vie, nº 33-36,1972).

O uso de vestes é hoje generalizado,com exceção de alguns grupos primitivos da Amazônia e da Nova Guiné. É digno de nota que a veste tende a diversificar-se de acordo com a idade, sexo, país, função, etc. A diversificação parece natural, embora imposta para mulheres, uniformes impostos (nas empresas) ou espontaneamente desejados (movimentos religiosos). Mesmo dentro de grupos uniformizados, há tendências à especificação e à individuação.

Antes de abordar o problema da veste litúrgica, é necessário ter diante dos olhos estes primeiros dados das coisas, senão se corre o risco de não atingir a realidade. Assim, esta curta exposição tentará mostrar diante de qual herança a Igreja se encontrava quando optou a favor ou contra a veste litúrgica; depois, qual forma as atitudes sucessivas e aparentemente contraditórias diante deste problema particular; uma vez adotado o princípio, como a  Igreja assumiu a veste litúrgica ao longo de sua existência; e qual é agora  o ponto de vista da Igreja pós-conciliar. Como conclusão, se  dirá algo sobre o futuro da veste litúrgica.

1. Herança – As diversas funções da veste se encontram geralmente nos dicionários: a veste serve para cobrir, proteger, esconder o corpo. O latim conhece vários termos para as diversas acepções: vestis indica tudo o que serve para cobrir. Tegumentum indica a idéia de proteção, de defesa. Ornamentum indica mais propriamente certos complementos da veste, mas era usado para indicar a veste de pessoas de certas funções: ornamentos consulares, ornamentos litúrgicos. O termo habitus, embora originariamente significasse a disposição interior de uma pessoa, passou a seu usado também como veste.

O vocabulário manifesta as múltiplas funções da veste. As funções primárias são cobrir, proteger, esconder; as secundárias não são absolutamente indispensáveis, mas variadas e importantes e mais elevadas em dignidade. Algumas funções secundárias sublinham o utilitário (equipamento), outras o de sinal (ministério ou serviço), outras o gratuito (para a  beleza do corpo).

A veste é, de fato, sinal de identidade, de uma mudança profunda de vestimenta pode marcar uma mudança na própria condição de pessoa. Isto aparece nitidamente na Bíblia (cf. Dt21, 10-14; 2Rs25, 28-29). O prisioneiro de guerra é despojado de suas vestes, perde sua dignidade e identidade. A veste ganha expressividade, quando ligada ao elemento afetivo de quem a deu ou preparou. Por exemplo, a mãe que prepara o enxoval da criança que ela espera; a túnica tecida de alto a baixo por Maria para seu Filho Jesus. A veste torna-se expressão de amor. Algo do doador passa, por assim dizer, para quem recebe, como por exemplo, o manto de Elias que foi dado a Eliseu.

A cor da veste manifesta e desperta certos estados de alma. Isto aparece bem na veste litúrgica. A passagem do preto ao violeta e ao vermelho na Sexta-feira Santa tem seu significado. Dentro da religião, a veste tem também sua diversidade para indicar as várias funções: um profeta tem seu manto de pele, o sacerdote sua veste de linho.

2. A Igreja primitiva diante do problema da veste litúrgica – Certos historiadores da Contra-Reforma, preocupados em refutar os Reformados (embora nem  todos contrários às vestes litúrgicas), quiseram ver o uso da veste litúrgica na época dos Apóstolos. O Novo Testamento faz menções ao simbolismo da veste. Muitos textos da Carta aos Hebreus ou do Apocalipse fazem alusão às vestes, vestes de brancura brilhante, sinal de inocência e de glória. Mas na terra, o cristão, mesmo o ministro do culto, não se distingue do comum dos homens. Expressões como “revestir-se de Cristo” e ”veste nupcial” indicam uma realidade interior e espiritual. Durante os quatro primeiros séculos, a Igreja manteve-se reservada de qualquer especificação da  veste clerical. As representações iconográficas mostram o bispo ou sacerdote com as mesmas vestes que os participantes. Abstendo-se de distinções das vestimentas no culto, ela insistia na atitude espiritual. A cristandade antiga, portanto, mostra-se reservada diante das manifestações exteriores do culto, tende mais à sobriedade   à interioridade.

Décadas após a paz constantiniana, a Igreja assume tudo o que pode ser cristianizado e que não sirva de pedra de tropeço para os fiéis. No século V, a Igreja está aberta e compreensiva a novidades, inclusive nas vestes litúrgicas. Tanto que o Papa Celestino, em carta aos bispos de Vienne e de Narbonne, vai dizer ironicamente, contra tantas inovações nas vestes, que os bispos devem distinguir-se do povo não pela veste, mas pela doutrina, e que não é usando novas vestes que alguém forma os fiéis; mais importante é ensiná-los  e  não diverti-los.

O certo é que desde a época constantiniana certas insígnias consulares forma concedidas aos bispos. Era um modo de reconhecer a dignidade da Igreja e de os bispos serem recebidos sem dificuldade pelo protocolo nas cerimônias publicas. Receberam o título de ilustres, que os equiparava aos altos funcionários do Império.

Assim, desde a época do papa Celestino, o papa trazia um pallium análogo ao dos altos funcionários. Isto se expandiu para a África, Espanha e Gália. Já no século VI, o pallium significava a  transmissão do poder. No final do século VI, a dalmática, que pertencia ao costume dos senadores, tornou-se veste própria dos diáconos. O anel e a cruz aparecem no século VII na Gália. Deste modo, paradoxalmente, as vestes que vão se tornar específicas para o culto tiveram origem leiga e profana, que serviram para designar os altos funcionários imperiais.

3. Significação da veste litúrgica na história da Igreja – A época carolíngia e o século precedente são períodos de criatividade. A partir da herança antiga, a veste litúrgica se diversifica e prolífera. Paralelamente, proliferam as interpretações. Em vez de ver nas vestes litúrgicas um só sinal, por exemplo, sinal de festa, de renovação da  aliança busca-se um sentido para cada uma das vestes: cada coisa tem  um sentido escondido além do sentido óbvio.

A Renascença sistematizou a herança da baixa Idade Média. O simbolismo medieval continuou a fornecer matéria a alguns autores espirituais e a liturgistas, mas foi abandonado à medida que se desenvolvia uma nova concepção de veste litúrgica ligada ao aparato: a veste é considerada essencialmente um sinal de dignidade. Tudo no culto deve incutir a idéia da majestade divina. A moda da época valoriza o acessório; a veste litúrgica sofre a mesma influência deste modo de ver.

O século XIX fixa a atenção no simbolismo medieval: as belas vestes das igrejas romanas e   das catedrais. Mais para o final do século, o gosto se orienta para as realizações artísticas antigas e, ao mesmo tempo, para a simplicidade das formas. A paramêntica torna-se uma ciência cada vez mais perfeita.

4. Depois do Vaticano II – O desejo de maior simplicidade, à  preocupação por adaptações às necessidades atuais, estão subjacentes às medidas legislativas no domínio litúrgico. No entanto, os documentos conciliares não abordam o problema das vestes litúrgicas, a não ser por acaso. A constituição Sacrosanctum Concilium (art.128) deixa às Conferências Episcopais a tarefa das adaptações às necessidades e aos costumes locais, fazendo-as aprovar pela Santa Sé.

O fato da veste litúrgica aparece como herança inestimável sem necessidade de justificação doutrinária. Colocada em primeiro plano está a preocupação por harmonizar com o conjunto da  reforma na linha da simplicidade e da adaptação às mentalidades diversas.

A primeira instrução com relação à simplicidade das vestes litúrgicas apareceu em 1968: De vestibus et insignibus pontificalibus reddendis. Em 1969, surgiu a Institutio Generalis Missalis Romani. Aí se afirma que o Corpo de Cristo (a Igreja) contém grande diversidade de membros, e muitos membros são revestidos de funções particulares, de ministérios, na  celebração do culto; isto implica a diversidade de vestes.

De outro lado, as vestes litúrgicas conferem ao culto dignidade e beleza que não são supérfluas. Propõe como veste comum: alva (com acessórios facultativos: amicto e cordão), depois as vestes próprias de cada ministro (estola e casula para sacerdote, dalmática e estola para o diácono), pluvial para as procissões. Quanto à matéria e à forma, a Institutio insiste na nobreza da forma e não nos ornamentos. Deve-se abster de imagens e de símbolos que não estejam em harmonia com o  destino santo da veste. Insiste também no valor das cores litúrgicas. A terceira Instrução, de 1970, insiste no caráter obrigatório da legislação.

Proíbe o uso de estola sobre o traje civil ou sobre o hábito religioso nas celebrações da missa e de outros atos sagrados. Resumindo: alva (com amicto),  estola e casula constituem a veste litúrgica normal que se deve vestir para celebração ordinária da missa.

5. O futuro da veste litúrgica – Sem dúvida, a existência do culto cristão não está  ligada à de uma veste específica. Mas fica claro neste estudo que a veste cultual tem uma importância capital. A veste em si não é sagrada, nem por sua cor nem por sua matéria nem por sua forma, mas estas qualidades podem estar em harmonia com o destino que se dá à veste. Uma veste é sagrada em virtude de uma relação estabelecida pelo espírito entre esta ou aquela qualidade e o domínio do divino. É percebida como sagrada não apenas pelo indivíduo, mas pela coletividade, pelo grupo social que reconhece nela o caráter sagrado.

A veste cultual marca uma fronteira nítida entre o serviço gratuito a Deus e as ocupações de ordem temporal. Além disso, ela tem o caráter festivo, é sinal da nova aliança, das núpcias messiânicas e do banquete escatológico. A experiência multissecular da Igreja ensina que a veste litúrgica, se não é indispensável, pelo menos é muito importante, desde que o culto se celebre em espírito e em verdade.

As cores litúrgicas são seis, como veremos a seguir.

Branco - Usado na Páscoa, no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas de Nossa Senhora e dos Santos, exceto dos mártires. Simboliza alegria, ressurreição, vitória e pureza.

Vermelho - Lembra o fogo do Espírito Santo. Por isso é a cor de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão e do Domingo de Ramos.

Verde - Se usa nos domingos e dias da semana do Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança.

Roxo - Usado no Advento e na Quaresma. É símbolo da penitência e da serenidade. Também pode ser usado nas missas dos defuntos e na celebração da penitência.

Rosa - O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento (Gaudete) e 4º domingo da Quaresma (Laetare). Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e na preparação do Advento.

Preto - É sinal de tristeza e luto. Hoje está praticamente em desuso na liturgia.

Azul - Usa-se ou não na Solenidade da Imaculada Conceição; representa o manto azul de Nossa Senhora.

Casulas:

A casula é um veste litúrgica que é freqüentemente confeccionada em seda ou damasco, em paramentos do século XVII e/ou XVIII. As cores variam conforme o rito litúrgico. Utiliza-se sobre a alva e a estola para durante a celebração da missa.

Alvas e Estolas:

Veste-se a alva sobre a batina ou outra roupa ordinária e sobre o amicto (se for usado).

A estola é uma faixa de tecido, muitas vezes de lã ou de seda que os padres usam em torno do pescoço, descendo até os joelhos. Suas cores variam de acordo com a época do Ano litúrgico.

Capa de Asperge:

Pluvial ou capa de asperges (latim: cappa, pluviale, casula processaria) é um paramento litúrgico usado sobretudo no exterior, mas também dentro das igrejas para bençãos e aspersões com água benta, casamentos sem missa e para os solenes ofícios divinos.

Informações: Rita Bianchi

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