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Esporte

Capoeira: O jogo em movimento


“... na volta que o mundo deu,
na volta que o mundo dá...,”
(cântico de capoeira)

Capoeira: arte e luta brasileira, conhecida e praticada em mais de 22 países, reconhecida por seu fator filosófico, cultural, político, artístico, e esportivo.

Capoeirista: praticante de capoeira

Capoeira: capoeirista “batizado” na roda de capoeira, conhecedor dos ritos e regras do jogo.
Jogar capoeira deixou de ser prática de escravo, de marginal, de pessoas que não teriam perspectiva de vida. A “malandragem” da capoeira transcendeu seu caráter pejorativo e ganhou espaço nas camadas mais abastadas da sociedade, conquistando com seu jeito característico de dança – luta, a partir da década de 1930, com Manoel dos Reis Machado (Mestra Bimba).

Bimba criou um estilo de capoeira que atendia mais ao processo de uniformização dos corpos na sociedade, política de Eugênia do então governo de Getúlio Vargas. Conquistando assim um espaço de reconhecimento e ascensão, verdadeiro “pulo do gato”, segredo dos bons capoeiras.

A partir daí o jogo, que expressa a beleza da alma humana, rico em musicalidade, expressão corporal, suingue; elementos naturais do brasileiro; passa a ser praticado em academias com elementos de estruturação acadêmica, com regras próprias, que condicionaram sua expansão política e social.
G.V. a declarou como esporte nacional, nomeando M. Bimba como diretor do curso de Educação Física da cidade de Salvador na Bahia.

A partir daí seu processo de legitimação foi crescente. Passou-se a ensinar a arte brasileira em escolas e universidades, criando-se uma mentalidade da real possibilidade de ação da luta dos escravos.
Durante todo este processo, de lutas e perseguições, a capoeira, com toda sua malícia característica, comportou-se como um bom capoeirista no jogo, deu reviravoltas inesperadas e deu a volta por cima. Chegando aos nossos dias com uns aspectos filosóficos, culturais, artísticos, corporais, que agem de forma a continuar quebrando barreiras, sejam elas físicas, de credo, cor, nacionalidade, de capacidade intelectual, etária...

Por todo seu conteúdo, e sua capacidade de adaptação ao momento histórico-social em que se encontra, a brincadeira do jogo atinge todas as esferas da sociedade, partindo para uma atitude extremamente rejuvenescedora e mais uma vez de interação.

Um aspecto terapêutico assume essa nova fase do jogo, onde desde escolas de ensino especial a asilos passam a ser palco de transformação de condutas, conceito, de integração social, um verdadeiro despertar para “liberdade” de ações, contra todo um histórico de desvalorização do ser.

Toda possibilidade do homem de um ser produtivo ganha uma aliada poderosa, partindo do pré suposto que a plenitude do ser esta na sua capacidade criativa. Neste ensejo, a quebra de tabus, e a possibilidade de novas perspectivas, motiva à desmistificação e conseqüente produção de uma atividade extremamente benéfica e prazerosa para todas idades.

O jogo da capoeira amplia sua característica corporal – atlética, de aspectos que enaltecem o físico perfeito e sua condição marcial, e abrange uma nova esfera de “excluídos”. Jovens portadores de alguma deficiência sejam física e / ou mental, e idosos, passam a ser inseridos na “roda” de capoeira, no círculo que unifica tudo e todos

Surgem então novas definições dessa nova ótica, numa busca de tentar criar algo que sempre esteve intrínseco na filosofia do jogo. Capoterapia, hidrocapoeira... Nomes que tentam aprisionar um conceito, algo natural que vêem dos primórdios da civilização: ADAPTAÇÃO.

O capoeirista que não observar o processo evolutivo do jogo, que não estiver atento às mudanças, correrá o risco de ficar perdido, e levar uma “rasteira” e perder o “pulo do gato”, e não mais correr as giras do jogo em movimento.

“Axé!!!!”

Por:
Luciano Terra Feliciano (Pezinho)
Centro Cultural Senzala de Capoeira -Uberaba –MG
CREF 4715-G / MG
lucianofeliciano@hotmail.com

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