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Falando Sobre o Envelhecimento

No mês de Outubro , tivemos em Petrópolis mais um evento patrocinado pela UNIFOP (cooperativa de psicólogos e fonoaudiólogos),  que já faz parte do Calendário da Saúde Coletiva  do município.

Lá estavam representantes de cooperativas ligadas à saúde, bem como profissionais, estudantes e representantes do conselho municipal do idoso.

O tema principal abordado  foi “ Falando sobre o Envelhecimento”, suas formas, características e necessidades dentro das várias abordagens multidisciplinares.

Nós participamos de uma mesa redonda, com dois grandes mestres : Dr. Antônio José e Dr.José Osman ,onde  falamos sobre as patologias mais evidenciadas no “envelhecimento fisiológico do indivíduo”sob o aspecto fonoaudiológico, neurológico e cardiológico.

Doenças como Alzheimer, Parkinson, Acidente Vascular Encefálico , demências em geral, doenças coronarianas, hipertensão arterial e diabetes, foram expostas significativamente.

Dentro da Fonoaudiologia mostramos as principais alterações que ocorrem relacionadas à voz, audição, deglutição e linguagem.

Falamos que  o processo de envelhecimento consiste na deteriorização lenta e progressiva das diversas funções orgânicas que podem ser imprescindíveis à manutenção da vida.

Envelhecemos quando nascemos....
O envelhecimento populacional é mundial.

O Brasil ocupa o 14º lugar dentre os países que tem mais idosos e a velocidade desse envelhecimento foi rápido de acordo com os avanços da medicina.

O Brasil envelheceu em 40 anos ,enquanto na Europa houve um processo de mais de 100 anos para o processo acontecer.

As deficiências funcionais e orgânicas vão sendo evidenciadas .O processo de envelhecimento inclui perdas e aquisições, mas as perdas são mais evidenciadas.
Será que realmente viver mais significa  qualidade de vida maior ???? ou é   simplesmente  um aumento na idade cronológica!?

Hoje talvez  tenhamos  idosos  com mais dificuldades e doenças crônicas, sem atenção básica devida ou sem promoção e prevenção  em sua grande maioria, apesar  do grande esforço que temos feito quanto profissionais e munícipes.

  Em 2025, o Brasil deverá ser o 6º país com maior índice de idosos , sendo Petrópolis uma das cidades  que mais envelhece dentro do estado. Há uma projeção  que o número de idosos  será próximo a  50% total da população mundial num futuro bem próximo.
Entender as mudanças fisiológicas, emocionais e sociológicas é imprescindível. 

É extremamente importante  que gestores, equipe  e cuidadores   da saúde, possam estar tentando acertar e proporcionar melhor qualidade de vida àqueles que já fizeram sua parte quanto cidadãos.

Os principais aspectos que envolvem a nossa área  são os neurológicos,cardiológicos,pneumológicos,otorrinolaringológicos,gastroenterológicos, psiquiátricos,odontológicos, fisioterápicos , nutricionais e ocupacionais.

Dentre os fatores otorrinolaringológicos , as orelhas vão ter mais flacidez da cartilagem, há estreitamento do meato externo dando mais secreção e escamação, podendo levar a disacusia condutiva que é reversível.

A presbiacusia ,nome designado para a perda auditiva fisiológica , tem como etiologia fatores ambientais e genéticos, efeitos acumulativos como  ambientais, traumas, ruído e aspectos familiares. Pode haver falsa perda auditiva produzida pelo cerume e  pelos.

Os principais sintomas apresentados seriam a deficiência  na sensibilidade liminar auditiva,na descriminação de freqüência,no julgamento auditivo ,reconhecimento  da fala , habilidade em recordar sentenças longas, perda bilateral para tons de alta freqüência e zumbido.

A perda auditiva na faixa etária de  65 a  74 anos seria de 33% ,  de 75 a  84 anos  de  45% e acima de 85 anos  de 62%, podendo ter uma redução na percepção da fala nos diversos ambientes, alterações psicológicas como depressão, frustração, raiva , medo, incapacidade de manter e entender a comunicação na igreja, teatro, cinema, rádio e televisão,incapacidade auditiva entre os familiares. Outro problema seria entender as ordens médicas e profissionais ,como também incapacidade em ouvir pessoas, veículos, alarmes, anúncios de emergência o que podem provocar alterações significativas na autonomia e independência do indivíduo.

As alterações auditivas podem gerar um  distúrbio  incapacitante no idoso, podendo levá-lo ao declínio da comunicação , isolamento , depressão e hospitalização .

 O uso de aparelho de amplificação sonora  indicado adequadamente, pode ser um dos facilitadores da comunicação, mas o alto custo para protetização e a falta de treinamento e adaptação adequados, podem levar ao não uso ou simplesmente rejeição parcial ou total do aparelho.O que seria um facilitador, torna-se um empecilho dentro do processo.

A boca e faringe têm papel fundamental dentro dos sistemas.Pode
ocorrer ausência de elementos dentais ou próteses inadequadas quanto a estética e função.Os problemas odontológicos são imensos, não só quanto função da função mastigatória, mas também com o alto índice de infecções orais não tratadas na grande maioria dessa população.

A  língua  se projeta mais inferior ,pois há perdas dos dentes inferiores geralmente.

A laringe sofre uma ligeira queda e suas cartilagens podem se calcificar, alterando o padrão vocal tanto nos homens quanto nas mulheres.

Há redução da capacidade vital pulmonar e o mecanismo pneumofônico sofre alteração com a idade , adaptando-se, porém reconhecemos quando a voz tem características senis.

As alterações maiores são nas mulheres e na voz cantada, onde há perda da modulação da voz   perda dos agudos e diminuição da extensão vocal. Outros alterações apresentadas são a afonia,
a  fadiga , o cansaço,  esforço para melhorar a projeção, voz mais soprosa e trêmula ,podendo ocorrer dor na produção, ardor e  desconforto.

Devemos salientar que rouquidão sem causa aparente e por mais de uma semana, deverá ser diagnosticada criteriosamente por um otorrinolaringologista.
Didaticamente a deglutição é dividida em várias fases e com o envelhecimento haverá mudanças estruturais e funcionais.
O que pode acontecer durante esse processo????

A cavidade oral pode apresentar atrofia dos músculos dos lábios, língua hipertrófica com alterações nos  tecidos conectivos e depósito de gordura.A sensação gustativa diminui,  principalmente a partir dos 70 anos.O fluxo da saliva é menor,a higiene oral pode ficar mais  precária pela dificuldade motora, bem como pelo fator sócio-cultural. Quando têm próteses, estas podem estar mal adaptadas pela  perda óssea que ocorre durante o processo do envelhecimento e muitas vezes pelo emagrecimento ocorrido.A mucosa oral fica menos hidratada e elástica com  mais susceptibilidade  a ulcerações e traumas .

A fadiga precoce  durante a alimentação pode ser confundida com saciedade, podendo provocar perdas nutricionais importantes. A função mastigatória pode ser alterada pela alteração salivar e pela perda precoce dos dentes.

A osteoporose e cifose podem piorar a angulação onde o esôfago cruza a aorta , bem como levando a demora da abertura dos esfíncteres que levam o alimento do esôfago para o estômago, dando  sensação de “ bolo na garganta” ( globus faríngeo).Pode haver troca de consistência dos alimentos e engasgos com líquido e farelos.

O idoso pode abandonar alimentos mais sólidos, ter sensação de empanzinamento deixando de ingerir  a última refeição ,dificuldade em assumir uma dieta hipossódica( pouco sal) ou sem açúcar, pelo paladar alterado tanto gustativo quanto térmico.A destreza motora pode estar alterada levando-o a substituir refeição por lanches.

Salientamos que qualquer alteração mais significativa deverá ser investigada pelo profissional adequado, tanto médico quanto fonoaudiólogo especializado nessas alterações, promovendo o mais rápido possível parecer diagnóstico adequado e encaminhamentos necessários.

No processo de envelhecimento saudável, pode haver simplesmente certa fragilidade e pequenas alterações que são consideradas normais dentro do processo, mas qualquer sinal de cansaço durante a alimentação, troca de consistência muito radical, emagrecimento rápido, poderá estar indicando não só alterações no processo funcional, como também, alterações orgânicas importantes e por vezes irreversíveis.

 O idoso com doença infecciosa, crônica ou degenerativa , pode tornar-se disfágico e mais propenso a desnutrição, desidratação e  risco de aspiração, tanto da saliva  quanto de  conteúdo gástrico. Muitas vezes leva-o silenciosamente e rapidamente ao óbito......

Doenças associadas ao idoso como Acidente Vascular Cerebral, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer, outras demências e iatrogenias medicamentosas, são importantes serem observadas, pois podem levar à alterações significativas no aspecto nutricional e global do indivíduo, apresentando dificuldades em engolir um remédio ou até  beber líquidos que sejam suficientes  para manter sua qualidade de hidratação.

Gostaríamos de estar falando num outro momento sobre a linguagem do idoso, sua manutenção e promoção, visto que grande parte dessa população podem sofrer alterações nesse processo,causado não só pelo nível sócio –econômico, bem como pelo isolamento social,já que vivemos numa sociedade onde o indivíduo  velho não tem mais força de trabalho e é precocemente afastado da sociedade.

 A grande transição demográfica ocorrida tornou as famílias menores, onde todos trabalham e ficam muito pouco com o idoso. O que será de nossos filhos e netos dentro dessa sociedade capitalista, imediatista, sem tradições,onde só o belo e novo é cultuado ...

O velho é abandonado à mercê de cuidadores muitas vezes despreparados emocionalmente. Saber cuidar é para aqueles que tem na alma a leveza,onde a paciência e a generosidade podem transgredir a sabedoria, sem jamais esquecer que fazem parte de uma rede que facilitará ou promoverá o bem estar global do indivíduo.

Texto: Sandra Negreiros 
Fonoaudióloga Clínica e Hospitalar

No próximo artigo, continuaremos debatendo sobre a Saúde e Bem estar da Pessoa Idosa.
Continue acompanhando
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