Algumas pessoas por pura insensibilidade e ignorância tendem a menosprezar um animalzinho com deficiência auditiva,muitas vezes, até se desfazendo do mesmo por pura vaidade e preconceito. Por este motivo,resolvi passar minha experiência,visando colaborar com as pessoas sensÃveis,para que saibam que a tarefa de adestrar um animalzinho surdo é muito gratificante em todos os aspectos.
         A condição primordial para o sucesso do adestramento de animais com deficiência auditiva é NUNCA permitir ao filhote a brincadeira de morder, e, para isso, é necessário que se tenha sempre brinquedos por perto,para que as pernas, os braços, etc,sejam substituÃdos pelos objetos da seguinte forma:
    _ Quando o filhotinho pegar o seu braço ou qualquer outra parte de seu corpo para brincar, repreenda-o carinhosamente, afastando- o levemente e esbarrando o dedo indicar em seu focinho fazendo o sinal negativo e, logo após, entregar um brinquedo. Em pouco tempo, ele aprenderá que os braços, as mãos, as pernas e os dedos não são brinquedos;
    _ para que aprenda a sentar e esperar é só pressionar levemente a parte traseira para baixo enquanto mantém a dianteira ereta, uma vez sentado, estenda a mão direita em frente a ele e ofereça um petisco, logo o filhotinho irá associar a sua mão aberta ao ato de sentar;
    _é muito importante deixar que seu filhote deficiente auditivo tenha sempre contato com crianças e adultos para sociabilizar-se, corrigindo sempre a brincadeira de morder;
     _a brincadeira de pegar objetos é bastante interessante, pois enquanto o animal aprende a pegar e entregar objetos, o exercÃcio fÃsico estará sendo feito. Não esqueça de premiá-lo sempre que acertar as tarefas;
    _ colocar uma coleirinha confortável em seu cãozinho desde cedo é muito interessante, além de ir se acostumando sem traumas, ele estará se preparando para os possÃveis passeios mais tarde;
    _ procure mexer e remexer no prato dele enquanto estiver se alimentando, inclusive, retire algumas porções do alimento e ofereça-os em suas mãos, isto o habituará ao ato e, mais tarde, não ficará aborrecido se você precisar retirar qualquer coisa de sua boca ou de seu alimento. Alguns cães, mesmo normais, confundem este ato com agressão e ficam bastante zangados;
    _ para que se aproxime de você, em caso de estar distante, agache-se e com as duas mãos, chame-o como se chamasse um bebê humano que quer incentivar a dar os primeiros passos e, quando estiver próximo, ofereça um petisco, posso garantir que mais tarde, quando você se agachar, o filhotinho já estará ao seu lado;
    _ para que aprenda a andar junto , vá com calma, coloque a guia e incentive-o a segui-lo oferecendo agrados, no inÃcio haverá um pouco de resistência, por isso, recomendo apenas alguns passos pelo quintal, sala,ou qualquer espaço,aumentando a distância aos poucos para que ele sinta que esta prática só lhe trará alegrias, lembre-se que o estÃmulo deve ser prazeroso, afinal , todos gostamos de ser agradados!
    Gostaria de ressaltar que para o adestramento de um cãozinho normal não há necessidade de se começar tão cedo, alguns adestradores até indicam a idade mÃnima de 7 meses , já que antes disso o animal é uma eterna criança e sua atenção, como o de uma criança humana está muito mais voltada para brincadeiras . No caso dos filhotes deficientes o carinho e a paciência devem ser aumentados!
   Quando adestrei meu filhote , dogue alemão semicego e totalmente surdo, o fiz por pura intuição, com muito amor e, posso afirmar com toda a convicção do mundo de que o resultado foi além das minhas expectativas. Dadá, como o chamava, tornou-se um belo animal com mais de 80 quilos de obediência, carinho e muito amor, as pessoas ficavam pasmas quando me viam retirar alimentos de sua boca para devolvê-los logo em seguida, sem que o meu gigante branco esboçasse qualquer reação contrária. Foi um grande companheiro ! Ah...Dadá, como aprendemos juntos!
Por: Fátima Borges – Artista Plástica, Poetisa e Professora de Português e Teatro Infantil, Vice- presidente da Ong. DAAJ- Defesa Animal e Ambiental com Apoio JurÃdico