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Conversando com Tê - Poesia em prosa, porque hoje é sexta
Agosto/2011

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
Carlos Drumond de Andrade


Amanhã é sábado, vou parodiar o Drumond e sem motivo sentir a tal da felicidade que pressinto nas coisas simples da vida como, por exemplo, o despertador não tocar. Vou dormir até tarde, tomar café na cama, demorar com o pijama, deslizar o corpo pela casa numa doce sinfonia da preguiça e bater papo ao telefone horas a fio com os amigos.

Porque amanhã é sábado, vou espreguiçar com vontade e vou dizer à saudade, “Fica longe de mim”. Vou driblar a distância dos sonhos e de novo imprimir no papel, a amiga poesia. Vou escrever uma carta, um e-mail, sei lá, fazer serenata e convencer a lua a nascer à luz deste dia.  

Porque amanhã é sábado, vou me lembrar do meu amigo Eduardo que vai estar rodeado de seis amados netinhos. Vai curtir o dia abraçado a um jardim de família, plantado com açúcar e com afeto no seu coração de leão. Vai ter gente pra todo lado, são quatorze convidados, murmurando novidades, aprontando travessuras, embalados ao sabor do delicioso aroma da cozinha. E o Eduardo, lá, orgulhoso e imponente, reinando nesse mundo encantado.

Porque amanhã é sábado, vou rever o antigo álbum de fotografias e reencontrar a esperança em forma de meninos que hoje já fizeram crianças e são suaves lembranças, conforto para os meus pés cansados das lutas do caminho. Afinal, venci, pelo menos estão crescidos. O resto, a vida ensina e o tempo lapida, cada qual percorrendo a estrada escolhida.

Porque amanhã é sábado, vou deixar meu coração se enternecer ao abraçar as crianças dos meus meninos. Seres iluminados que me privilegiam com a experiência abençoada da continuidade da vida. Os gestos de carinho, os beijos molhados, as travessuras, os risos de alegria e os “eu te amo, vovó” tão maravilhosamente pueris.  

Porque amanhã é sábado, vou abrir a janela, limpar a lente dos óculos e deixar meus olhos se encantarem com a beleza das matas, das flores, dos rios, das pontes, das árvores, ouvindo a passarada a cantar canções de Gonzaguinha. 

Porque amanhã é sábado, vou resgatar a vontade de dançar ao som de Vinícius e rodopiar levemente pela sala, ensaiando passos de menina, libertando a vida presa nas curvas do caminho, limpando as frestas empoeiradas da alma.

Porque amanhã é sábado, vou sair a vagar por aí, passeando na praça. Vou achar que tudo na vida é uma graça. Vou mesmo, acredite, sair por aí e me banhar na luz de cada esquina sob este sol que me protege com a benção da alegria. Que tal? Vem comigo?  

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