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Fiocruz-Petrópolis promove visita de campo ao Jardim Botânico do Rio
Atividade reuniu agricultores e profissionais da saúde pública de Petrópolis

14/03/2019 - 17:17 - O Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, unidade da Fiocruz em Petrópolis, promoveu, no último dia 27 de fevereiro, uma capacitação técnica de campo no Arboreto do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, reunindo cerca de 50 pessoas, entre agricultores do Quilombo da Tapera, do Rocio, do Caxambu e do Vale do Jacó, além de médicos, agentes de saúde e farmacêuticas que atuam na rede pública de saúde de Petrópolis. Participaram, também, profissionais autônomos que trabalham com plantas medicinais e atuam como mediadores para o desenvolvimento local em algumas comunidades do município.

A iniciativa é parte do Programa de Biodiversidade e Saúde do Fórum Itaboraí, que inclui, entre outras, o Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais (em parceria com a Secretaria de Saúde de Petrópolis) e ações de fortalecimento da agricultura familiar.

“Muitas pessoas conhecem, já visitaram ou ouviram falar sobre jardins botânicos, mas comumente pensam que se trata apenas de um parque. Nosso objetivo com esta capacitação técnica de campo foi, de um lado, propiciar um aprendizado a partir da observação e revelar o quão rico e relevante é o trabalho de pesquisa que envolve a diversidade vegetal; de outro, promover a interação social e técnica entre os participantes, criando conexões e intercâmbio entre agricultores, profissionais de saúde e outros atores, com vistas a fomentar oportunidades de parceria, trocas de conhecimento, trabalho e geração de renda”, explica Sergio Monteiro, coordenador do Programa de Biodiversidade e Saúde do Fórum Itaboraí.

A visita técnica teve início no setor de plantas medicinais, com a palestra da bióloga e pesquisadora Yara de Britto, do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, trazendo informações e reflexões sobre os papéis simbólico, social e científico de um jardim botânico, além de abordar temas como plantas medicinais, saberes tradicionais e pesquisa científica. A palestra foi seguida de uma visita à coleção temática do setor, que atualmente conta com 150 espécies, entre plantas medicinais, ervas e arbustos, organizadas por temas e distribuídas em um espaço de dois mil m2. No acervo, há espécies de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS) e outras com uso tradicional corroborado por pesquisas científicas.

O grupo também percorreu o arboreto do Jardim Botânico, propriamente, realizando uma visita guiada com atenção especial a algumas espécies nativas e também a coleções vivas, como o cactário, o orquidário e o bromeliário. E, para a surpresa dos participantes, o encontro contemplou, ainda, uma visita técnica ao herbário - que é uma coleção de plantas secas catalogadas, ou seja, que reúne informações confiáveis e oficiais sobre o reino das plantas para fins de pesquisas científicas – e ao Banco Ativo de Germoplasma ex-situ, um banco onde são conservadas sementes nativas de espécies ameaçadas de extinção, de espécies endêmicas (ou seja, exclusivas de uma região geográfica), de espécies usadas para recuperar áreas degradadas e também de espécies de uso etnobotânico (interação entre as sociedades humanas e as plantas), entre elas algumas de uso medicinal. “Eu fiquei encantada e feliz ao saber que há reservas de sementes para regeneração de áreas de florestas nativas destruídas por queimadas, por exemplo. Não tinha 

ideia de que havia gente trabalhando nisso”, conta Sueli Vieira, agente comunitária de saúde da Estrada da Saudade. “Esta visita ampliou muito meu conhecimento e meu horizonte sobre as plantas e vai nos ajudar muito no posto de saúde do bairro, onde estamos montando a nossa horta para prescrição no próprio posto”, complementa Sueli, que participou da visita técnica com outros colegas agentes comunitários de saúde da mesma área de atuação.

Maria Eugênia Duarte é agricultora do Caxambu e tem se dedicado ao plantio de alimentos orgânicos e de plantas medicinais, estas últimas com produção voltada para a dispensação para os postos de saúde de Petrópolis, no âmbito do Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais. Ela fez parte do grupo que esteve nesta capacitação técnica de campo. “Eu já conhecia o Jardim Botânico do Rio, mas, das vezes que estive lá, meu olhar sempre foi de apreciar. Dessa vez, eu tive a oportunidade de conhecer mais tecnicamente e profundamente as plantas. Pra mim, a visita foi como um livro aberto, porque às vezes se aprende mais ouvindo e vendo do que estudando diretamente. Eu pude observar sobre a forma de cuidar de algumas plantas medicinais, aprendi sobre germinação de sementes e como as pesquisas são essenciais. Voltei com outros olhos”, relata a agricultora, que é também pedagoga aposentada.

Já para Teresa Cristina Correia, rezadeira do Quilombo da Tapera, que fica no Vale do Cuiabá, em Itaipava, essa foi a primeira vez que esteve em um jardim botânico. “Achei tudo muito bom. Conheci gente nova e coisas que eu não tinha ideia que existiam. Mas gostei mesmo da primeira parte, que tem as hortinhas com remédios. Eu encontrei algumas plantas que a gente tem lá no Quilombo, mas eu não sabia que era remédio. Isso tudo faz a gente aumentar nossa sabedoria sobre as plantas e ajuda pra que cuidemos melhor da nossa gente lá no Quilombo”, conta, animada, dona Teresa.

Dr. Pedro Paulo Lemos, médico do posto de saúde de Vila Felipe, também participou da visita técnica, com um jovem estudante de medicina, que estagia no posto, e duas agentes de saúde do bairro. Para ele, a oportunidade de visitar o Jardim Botânico com um olhar voltado ao aprendizado técnico é uma excelente experiência para quem atua no campo da saúde. “Eu fui formado como médico alopata e não conhecemos quase nada sobre as plantas medicinais, que muitas vezes, funcionam tão bem quanto os remédios de farmácia. Mas só podemos prescrever o que conhecemos e uma visita como essa nos leva a aprender mais sobre uma área que os médicos não têm muito acesso”, avalia Dr. Pedro. 

“Lá no bairro, a equipe do posto utiliza bastante as ervas medicinais, principalmente aquelas que os moradores têm plantadas em casa. O paciente tem que mudar a percepção, parar de ir ao posto só para receber a prescrição do remédio alopata que ele já conhece e que passa a dor, mas que muitas vezes volta a doer. Precisamos cuidar da saúde das pessoas de outra forma, com mais envolvimento. Mais profissionais de saúde precisam ampliar seus conhecimentos nesta área e quanto mais pessoas da comunidade puderem também conhecer as plantas e seus efeitos, melhor será”, conclui o médico.

Fórum Itaboraí – Fiocruz

Inaugurado em 18 de outubro de 2011, como um programa especial da Presidência da Fiocruz, o Palácio Itaboraí abriga o Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde. O Fórum é um espaço permanente de reflexão e geração de ideias, que tem como principal objetivo reunir intelectuais, cientistas, artistas, gestores e usuários de educação e saúde do Brasil e do estrangeiro, para gerar formulações de políticas e práticas tendentes a reduzir as desigualdades sociais na saúde. O Fórum também desenvolve ações comunitárias que permitam pôr em prática atividades inter e transetoriais. Entre essas práticas se destacam: o Programa de Biodiversidade e Saúde, cujos principais projetos são o Arranjo Produtivo Local – APL de Plantas Medicinais e a Trilha do Arboreto, uma trilha urbana de 808 metros, com um acervo de mais de 400 espécies de plantas vivas e identificadas, sendo a maior parte delas medicinais, que visam disseminar e resgatar os conhecimentos tradicionais e populares do cuidado na saúde; 

a Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí – OCPIT, um projeto sociocultural que visa oferecer a oportunidade de formação orquestral, humanista e profissionalizante a alunos da rede pública de ensino de Petrópolis; o desenvolvimento e aplicação de tecnologias sociais (como o Diagnóstico Rápido Participativo – DRP, o Teatro do Oprimido e a cartografia participativa) para o estudo participativo dos determinantes de saúde de territórios em Petrópolis e atuação articulada com outros setores, como o poder público e universidades, para o desenvolvimento local; incluem-se, ainda, a Biblioteca Livre do Palácio Itaboraí, com acervo focado nos Programas do Fórum e disponibilização de acesso a bibliotecas virtuais; atividades de apoio à capacitação tecnológica para trabalhadores de saúde; a investigação-ação participativa no campo da promoção da saúde; debates culturais, projetos, eventos e exposições de artes e cultura, entre outras.

SERVIÇO:

Fórum Itaboraí – Fiocruz
Rua Visconde de Itaboraí, 188 – Valparaíso – Petrópolis- RJ
Tel.: (24) 2246-1430
forumitaborai@fiocruz.br
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