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Conversando com Tê - Na Alegria ou na Tristeza


Outubro de 2014- Não tenho a inteligência política que percebo nos amigos e nos nem tanto, pois pra mim apenas as experiências e o observar da vida são a medida das coisas. Assim mesmo, sem grande intelectualidade ou aprofundamentos filosóficos. Nesses dias eleitoreiros, exercitei a paciência, o equilíbrio, fazendo valer a coerência do “que eu falo com o que eu faço” antes de me expor em texto. Foi fácil? Não. Foi doloroso, mas aqui estou eu também me prevalecendo de um direito constitucional que todos vêm exercendo com tanta propriedade.

A foto que ilustra o que escrevo tem apenas a intenção de honrar um dos ensinamentos que aprendi com meu avô: “um homem de bem quando fala olha no olho”, mesmo que seja no virtual (complemento meu).

Aproveitando a deixa, para quem não sabe, minha família tem “passado” político. Adalberto Barbosa (meu avô) foi prefeito de Cariacica-ES e se refugiou com a família na fazenda de um amigo em plena Intentona de 30. Minha tia Maria Angélica, irmã de meu pai, na adolescência, parou uma sessão da assembleia legislativa (Rio de Janeiro) para defender suas jovens ideias. E por aí vai. Não herdei tal coragem a não ser o respeito familiar aos que não pensavam como eles e foi com eles também que aprendi o significado de amor à pátria, enquanto nação de todos os brasileiros.

Por isso, não permito que me enfiem goela abaixo esse preconceito fabricado, sabe-se lá com que ordem de intenção, referente à população do norte, do sul, do leste ou do oeste. Somos todos filhos da mesma terra, mas especificamente em relação aos nordestinos, fizeram eles muito bem, pois é muito feio “cuspir no prato que se come”. Então, está tudo certo como deve ser. Sigamos em frente, deixando nos livros, apenas como fato histórico, o obsoleto Tratado de Tordesilhas.

Na modesta opinião de quem não sabe nada, tenho pra mim que o que fez a diferença nessa eleição não foi o quem votou em quem, mas os que votaram em branco, nulo ou se abstiveram. Paciência, perdeu-se o trem!

Deixo bem claro que discordo do voto obrigatório, mas é lei e lei é para ser cumprida. E se não concordamos que trabalhemos, dentro da legalidade, para modifica-la. Porém, procuro não esquecer que todo direito é a contrapartida do dever e/ou vice-versa.

Vejo brados aos quatro ventos clamando por respeito, mas deixando de lado o fato de que respeitar é via de mão dupla. Uma questão simples: eu sou respeitada, me dando ao respeito e respeitando o outro. O seu direito termina onde começa o meu ou o seu começa onde termina o meu, que seja.

Aplaudo o trabalho de nossos artistas, atletas e intelectuais. Quanto ao voto, reitero, é propriedade intelectual minha mesmo. Estou bem grandinha para me deixar influenciar porque alguém compôs lindas músicas, gols de placa, textos emocionantes e hoje vive sobre os louros da fama. Agradeço, mas dispenso.
Em nenhum momento do processo eleitoral me achei no direito de questionar a livre escolha de familiares ou de amigos. Não me intrometi nos votos dos meus filhos e poderia porque, sabe como é: mãe é mãe e se acha. Por isso mesmo, repudio o absurdo do se aproveitar de um texto autoral de outrem para ofender as santas mãezinhas de todos. No que me compete, informo que Helena Botelho Barbosa, minha mãe, não era p... e que se viva fosse não gostaria de ser privatizada.

Dou ciência também que não sou “coxinha”. Sou sim, uma mulher de sessenta e três anos que construiu a própria história, com suor e lágrima. Que sobreviveu (e sobrevive) com a força de seu trabalho, que reparte o pão, que honra compromissos, que paga impostos, que respeita as instituições constituídas de seu país (seja quem for que estiver no seu comando) e que seria incapaz, se o resultado fosse outro, de tripudiar sobre quem deixou de ganhar. No mais, cada um sabe de si.

Ganhando ou perdendo, há que se ter compostura. Estamos no mesmo barco, onde todos podem afundar ou deslizar na calmaria. Unidos, somos como um feixe de lenha, difícil de quebrar ou de ficar a mercê da ganância do poder pelo poder. Sozinhos, somos como um frágil graveto que a fragilidade de um bebê é capaz de partir. Creio que esse é o lado que importa decidir onde se quer estar.

Deixo claro também que posso até discordar de linhas de pensamento, mas sempre defenderei o direito inalienável e democrático de qualquer cidadão de pensar e de se expressar. Só à lei dos homens cabe o qualificar e o punir. Entretanto, não me deixo esquecer que para cada ação existe uma ação contrária e na mesma intensidade, como também que aqui é a lei do retorno. O que se semeia é a medida da colheita.

Cerceamento, aparelhamento e instrumentalização? Ah, vá! No mínimo, dois pesos e duas medidas, travestir-se de liberdade de expressão o que simplesmente é falta de educação e de civilidade respaldadas na arrogância. Há que se ter cuidado sim com o que se fala para que não nos distanciemos do nosso fazer; para que não magoemos seres que dizemos queridos e para que possamos oferecer as nossas crianças bons exemplos, pois penso que a educação de qualidade começa por aí. O que esperar da juventude se o mais velho e o mais experiente não lhe servir de espelho translúcido?

Sigo em frente. A cada um deixo o seu dia, a sua lida e o seu processo evolutivo. Que Deus nos abençoe a todos. Daqui, vou continuar fazendo a parte que me cabe nesse latifúndio, sob a égide da paz, do amor e da fé. Conquistas e glórias sem valores morais, éticos e espirituais são poeira na estrada que o vento leva e não sobra nada. Quero chegar diante do Pai com a humildade e a consciência tranquila dos que não se negaram a aprender. Não quero que seja em vão a minha passagem pela escola da vida.

Viva a lei soberana do livre-arbítrio! Viva a liberdade, a igualdade e a fraternidade! Eu continuo na resistência até quando Deus me quiser nessa terra abençoada, pátria amada, Brasil!

Triste só por isso, mas virando a página...
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